"O Pequeno Príncipe", de Antoine de Saint-Exupéry
Lido entre 1 e 11 de julho.
Férias do curso de Letras, hora de ler outras coisas!
Criar novos hábitos, preencher um pouco o ócio…
Comecei a (re)ler o mocinho loiro que caiu no deserto.
Este é um dos poucos livros que toda vez que abro ainda sinto a mesma magia da primeira, da segunda, da terceira, de todas as vezes que li. A capinha simples, os desenhos com jeitinho de criança, a narração bem dialogada, a trama contagiante… Uma atmosfera bem agradável nos inebriando em pensamentos e sentimentos interessantes.
Como finalizei a pouco mais de um mês, abri o pdf dele aqui na aba do lado enquanto escrevo. Atualmente leio muito mais digital. Só aconteceu.
A dedicatória é de uma fofura e delicadeza, gentil. Os constantes embates entre pessoas grandes e pessoas pequenas, suas importâncias e irrelevâncias, suas visões muito esparsas ou muito específicas de mundo… Questionamentos pra vida inteira.
E quantas questões! O príncipe mais pergunta que conversa!!! Mas aos poucos vai se revelando, doce, suave, com seus momentos de intempérie, mas quem não os tem…
A ideia do príncipe viver e viajar por vários asteroides habitados por um único ser e então cair na Terra cheia de seres, mas num deserto, é engraçada. Parece refletir sobre isolamento, fuga, perspectiva e refúgio. Como se passeando por diversas visões de mundo, ele passeasse por diversas estrelas. Outros aspectos curiosos e criativos são as diferentes percepções de tempo e espaço em cada visão de mundo. Para alguns, o tempo é pouco, para outros, muito. O mesmo do espaço.
A admiração das belezas cotidianas está sempre presente… O pôr-do-Sol ao virar a cadeira, a rosa única e o jardim de rosas, o cativar. Mas todas essas belezas presentes no cotidiano não são percebidas nem valorizadas pelas pessoas grandes, ocupadas com suas funções e ocupações. Por isto, o cativar se mostra como extra-cotidiano. Mesmo que todos os dias vejamos o Sol, flores, animais, pessoas… Sabemos que estão lá conosco, mas só as contemplamos com esses tons de atenção e admiração quando não estamos atropelados por uma ocupação. Até os que se ocupam com coisas belas não as percebem como tais, mas como parte do que fazem ou acham que devem fazer. Triste.
Porque o príncipe é um príncipe? Quem o nomeou? O que ele governa? Seria apenas a aparência e o jeito de falar que lhe dão esse ar? Não sei dizer. Parece que ele se tornou príncipe sob o olhar do aviador, pois não se sente nem tão regente nem tão diferenciado. Apenas faz o que tem de ser feito… E deu essa pausa para buscar algo que nem sabia se iria encontrar… Conheceu muito.
Daí temos os solitários: O rei, o vaidoso, o bêbado, o homem de negócios, o acendedor de lampiões, o geógrafo, e então a Terra. Seis estranhos por fazerem o que fazem, funções herméticas num mundo isolado, sem nenhum propósito além da própria função. Nenhum parece feliz, mas o príncipe e o aviador por vezes também não. Mas a tristeza dos ocupados e funcionais parece uma tristeza irrefletida, uma insatisfação constante mas sempre presa a cumprir a função. Já a tristeza do príncipe, do aviador, da rosa, da raposa e da serpente parecem mais com uma melancolia. Uma tristeza que busca, não se sabe se uma razão para ela, uma felicidade para acalmá-la, uma resposta para seus anseios… Mas parece também se satisfazer na busca, em cada passo. A tristeza ocupada e funcional dos grandes é insatisfação, e sua resposta é continuar nos mesmos ciclos até ficar satisfeito. O que nunca vai ocorrer. A tristeza reflexiva e apreciadora dos pequenos e dos que se permitem cativar é um lidar com a incompletude, são posicionamentos em relação ao efêmero, ao belo, à memória e ao que se pretende preservar.
Que lindo!!! Amei o seu blog! Perfeito! Continue, sempre!
ResponderExcluirBy: Paullo Dourado
https://www.paullodouradoator.com
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